''Eu costumo dizer que foi a época mais feliz e mais triste da minha vida ao mesmo tempo, porque foi uma decisão de mudança, mas ao mesmo tempo de deixar tudo o que eu tinha lá, incluindo família, amigos, Lisboa, que é um lugar muito especial. Eu achava que aqui me esperava algo melhor”, conta Marta Teixeira Carvalho, artista plástica.
Emprego não foi problema. A agência portuguesa de publicidade onde ela trabalhava a transferiu para a filial paulista. Mas logo, uma velha inquietude, uma pontinha de frustração reapareceu.
“Eu me sentia um pouco presa a nível criativo, então eu achava ‘meu, não é suficiente para mim’”, relembra Marta.
Para se distrair, Marta retomou um antigo passatempo: o desenho.
“Um dia eu tinha uma garrafa vazia em casa, eu comprei uma caneta e desenhei. Comecei a desenhar e foi saindo uma coisa meio natural, sem projeto, sem pensar, e acho que foi nesse dia quando eu coloquei nas redes sociais que todo mundo falou bem, falou que queria encomendar uma igual”, conta Marta
Mas a grande revolução veio com Adriano. O companheiro de agência tornou-se companheiro de vida. Juntos, os dois deixaram o emprego e passaram a trabalhar em casa, fazendo de preferência o que dá mais prazer. Agora, eles somam forças para administrar a vida sem a segurança de um salário mensal.
Globo Repórter: Vocês tiveram que abrir mão de muita coisa para realizar isso?
Adriano Costa Vespa, designer gráfico: Eu acho que não. Eu acho que no começo foi mais o medo do dinheiro, do dia a dia, então a gente se planeja mais, vai fazer uma viagem a gente espera mais, junta mais dinheiro, evita parcelar coisas. Tem pequenas mudanças assim, mas no dia a dia é bem normal.
Adriano Costa Vespa, designer gráfico: Eu acho que não. Eu acho que no começo foi mais o medo do dinheiro, do dia a dia, então a gente se planeja mais, vai fazer uma viagem a gente espera mais, junta mais dinheiro, evita parcelar coisas. Tem pequenas mudanças assim, mas no dia a dia é bem normal.
Para quem já enfrentou um desafio grande, essas mudanças não chegam a assustar. Marta está ampliando cada vez mais as possibilidades do artesanato que faz. Além das garrafas, faz vasos e quadros. Os desenhos vão também para paredes, decorando ambientes.
No começo, só os amigos encomendavam. Mas a divulgação nas redes sociais fez os pedidos dispararem. Hoje, marta vende para vários estados do Brasil e já sonha com exportação. A vida mudou de rumo e de estilo.
Globo Repórter: O que que mudou?
Marta Teixeira Carvalho, artista plástica: Eu acho que mudou tudo, a minha cara fechada que eu tinha no computador. Todo mundo falava disso, e era engraçado que eu nunca pensei nisso. Agora, eu consigo olhar para trás e ver: realmente, teve uma mudança. Eu sorrio muito mais, eu sou muito mais feliz, eu converso muito mais com as pessoas. Parece que nasceu outra pessoa.
Marta Teixeira Carvalho, artista plástica: Eu acho que mudou tudo, a minha cara fechada que eu tinha no computador. Todo mundo falava disso, e era engraçado que eu nunca pensei nisso. Agora, eu consigo olhar para trás e ver: realmente, teve uma mudança. Eu sorrio muito mais, eu sou muito mais feliz, eu converso muito mais com as pessoas. Parece que nasceu outra pessoa.
Lixo que encontra na rua é matéria-prima para artista que mudou de vida
Em busca do prazer no trabalho, a mineira Débora de Paula também decidiu navegar por outros mares. Mas antes, teve que fazer uma escolha que é difícil para qualquer um: optar entre a segurança de um emprego tradicional ou fazer aquilo que realmente traz felicidade. Débora preferiu a segunda opção.
“Para mim, menos é mais! Na prática, a gente come mais do que precisa por isso engorda, a gente tem mais coisas do que precisa, por isso tem que trabalhar mais para ter mais. O que se precisa para viver?” diz Débora de Paula, artista plástica.
Há quatro anos, Débora ela resolveu morar em Ilha Bela, no litoral de São Paulo. Para trabalhar lá, ela não precisa de nada além do lixo que encontra na rua: jornal, papelão, embalagem plástica, garrafa pet.
A Débora já fez muita coisa na vida. Foi vendedora, gerente de hotel, monitora ambiental, comerciante, sempre em busca de mais tempo e liberdade para fazer o que realmente gosta. Até que um dia ela descobriu que o endereço disso tudo estava muito mais próximo do que ela podia imaginar, foi quando decidiu trabalhar em casa.
“Um dia eu, em casa, modelando massinha com os meus filhos pequenos, bem bebês e o meu ex-marido falou: ‘Puxa, você faz bem isso’. Eu falei: ‘Eu posso fazer em papel machê, eu sei fazer papel machê’”, diz Débora.
Ela aprendeu esta técnica à base de lixo reciclado, ainda na adolescência, com um grupo de teatro - e logo percebeu que o talento adormecido era a chance de mudar de vida. Hoje ela trabalha em média seis horas por dia, e só aperta o passo quando realmente precisa. O papel machê trouxe a flexibilidade que ela tanto buscava.
“Tenho liberdade, tenho tempo, tenho a tranquilidade de poder receber amigos a hora que eu quero”, diz Débora.
O estilo de vida que a Débora escolheu permite isso todos os dias: fazer uma paradinha, conversar com os filhos e até tocar violão.
Claro que tudo isso tem um preço. Viver sem salário fixo é um desafio, tem mês que a Débora recebe muitas encomendas, mas tem mês que o dinheiro fica curto. Mas para ter lucro é fundamental aprender a administrar o próprio negócio. Foi em um curso de empreendedorismo que ela descobriu como calcular o preço das obras.
A maior parte das vendas ainda depende da velha propaganda boca-a-boca.
Mesmo assim, encontramos as peças da Débora circulando nos mais diferentes espaços.
Mesmo assim, encontramos as peças da Débora circulando nos mais diferentes espaços.
O projeto de Débora para o futuro é seguir a vida com prazer e simplicidade.
Ela só não abre mão da coragem para mudar, sempre que for preciso.
Ela só não abre mão da coragem para mudar, sempre que for preciso.
“Se o seu trabalho te dá desprazer, infelicidade, porque continuar naquilo? Tem gente que tem medo de mudar, mas é preciso ter mais coragem para continuar infeliz”, afirma Débora.
Pesquisa diz que 80% dos brasileiros gostariam de mudar de emprego
Uma pesquisa feita por uma empresa de recrutamento em todo o país ouviu 8.500 pessoas e teve um resultado surpreendente: quase 80% dos profissionais brasileiros sentem vontade de trocar de emprego.
Alguns querem mais do que isso: gostariam de mudar radicalmente de atividade – fazer o mesmo que fizeram Seu Marinaldo, Dona Cilmara, Luiz Alberto, Eric, Michelle e Thaís: trabalhar com mais prazer.
“Por exemplo, se você gosta de cozinhar, faz aquela comida gostosa, isso não te garante ter um restaurante de sucesso. Para ter um negócio de sucesso, para aquela atividade prazerosa te dar retorno, tem que planejar, tem que se preparar, tem que buscar informação. Essa, na verdade, é a receita do sucesso. Muitas vezes, as pessoas abrem um negócio achando que vão ter mais tempo para si e para sua família, mas isso não acontece. Na prática, vão trabalhar mais”, diz Bruno Caetano, superintendente do Sebrae - SP.
De fato, nós vimos isso de perto com todas as pessoas que acompanhamos nesta reportagem. Acordar cedo e trabalhar até o fim do dia é rotina para quase todos os patrões de primeira viagem. Mas quando se faz aquilo que dá prazer, aí tudo fica mais fácil, e o esforço acaba trazendo satisfação.
“Porque é uma nova aventura, porque tem compensações aqui que a gente não encontraria de outra forma: a paz, a serenidade, a liberdade das crianças, a ausência de barulho, de conflito urbano. Isso, de fato, foi uma das motivações pra mudança”, diz Marinaldo Pegoraro, agricultor.
Globo Repórter: Se, há 30 anos, alguém mostrasse pro senhor uma assadeira de bolo de chocolate...
Luiz Alberto Monteiro, taxista e doceiro: Puxa vida, jamais, não teria, uma coisa que surgiu assim. E hoje é isso, é minha vida, hoje é a minha vida.
“Eu acho que eu levei 41 anos pra descobrir o que eu queria realmente fazer na vida. Mas quando eu consegui realizar essa mudança eu me senti realizado, ‘é isso que eu quero”, diz o mágico Eric Chartiot.
Alguns querem mais do que isso: gostariam de mudar radicalmente de atividade – fazer o mesmo que fizeram Seu Marinaldo, Dona Cilmara, Luiz Alberto, Eric, Michelle e Thaís: trabalhar com mais prazer.
“Por exemplo, se você gosta de cozinhar, faz aquela comida gostosa, isso não te garante ter um restaurante de sucesso. Para ter um negócio de sucesso, para aquela atividade prazerosa te dar retorno, tem que planejar, tem que se preparar, tem que buscar informação. Essa, na verdade, é a receita do sucesso. Muitas vezes, as pessoas abrem um negócio achando que vão ter mais tempo para si e para sua família, mas isso não acontece. Na prática, vão trabalhar mais”, diz Bruno Caetano, superintendente do Sebrae - SP.
De fato, nós vimos isso de perto com todas as pessoas que acompanhamos nesta reportagem. Acordar cedo e trabalhar até o fim do dia é rotina para quase todos os patrões de primeira viagem. Mas quando se faz aquilo que dá prazer, aí tudo fica mais fácil, e o esforço acaba trazendo satisfação.
“Porque é uma nova aventura, porque tem compensações aqui que a gente não encontraria de outra forma: a paz, a serenidade, a liberdade das crianças, a ausência de barulho, de conflito urbano. Isso, de fato, foi uma das motivações pra mudança”, diz Marinaldo Pegoraro, agricultor.
Globo Repórter: Se, há 30 anos, alguém mostrasse pro senhor uma assadeira de bolo de chocolate...
Luiz Alberto Monteiro, taxista e doceiro: Puxa vida, jamais, não teria, uma coisa que surgiu assim. E hoje é isso, é minha vida, hoje é a minha vida.
“Eu acho que eu levei 41 anos pra descobrir o que eu queria realmente fazer na vida. Mas quando eu consegui realizar essa mudança eu me senti realizado, ‘é isso que eu quero”, diz o mágico Eric Chartiot.
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